quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Sonho em vida

Sonho em vida
Num antro de espectros, perdida
Encontro a história de uma mulher vivida
Cantos e palavras presos no ser
Igual a parecer?
Olhar, viver, ganhar, quem sabe, perder
A morte é o acordar de um sonho
Dúvida eterna: sou, não sou; ponho, não ponho
A diferença entre realidade e ficção, suponho
Atento a esta vida de relíquias e zeros
Que são meros
Suspiros esvoaçados, os "queros", os "esperos"
A imaginação escasseia
Reinos perdidos de um rei de cara feia
Algo tenta esquecer, porém anseia
Penas que se elevam no (in)consciente da loucura
Uma fusão de prazer e ternura
O pudor de querer, o esgotamento da cura

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Vi e perdi

Vi e perdi algo por que tanto procurei
Não encontrei, por isso, criei
A profundidade dos sonhos ultrapassei
Finalmente, voltámos a ser um só
(senti, quando nos transformámos em pó)
Juntos, inseparáveis como um nó
Mas a fita rasgou-se
O sentimento não era forte e calou-se
O segredo desvendou-se
O amor, o ódio, a paixão, o fogo
No meio das chamas da vida, morro
Na escuridão, ando, na luz, corro
Pela vida, pela morte, por tudo, por nada
Procuro aquela que possui magia, a fada
Crio esperanças erradas de ser amada...
A lua acompanha a noite nua
Quero perder-me de mim
Ser dela, ser tua...

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

Hoje algo aconteceu

Hoje algo aconteceu
Por momentos, a consciência perdeu
Mas encontrou algo que nunca morreu
A vida a outros deu morte
Podendo ser vista como sorte
No seu peito nascia o fraco, morria o forte
O vento vai soprar
Na mente dos pobres, sonhos inventar
Um caminho de sonho vamos encontrar
A perdição, o desespero, a realidade
Saber viver, saber a verdade
Afundou-se na sua liberdade
Tudo isto é saudade, quero-te encontrar
Perder-me nesses passeios, a caminhar
"E eu vou dizer que a noite é mais quente à luz do seu olhar"
Temi aquele brilho tão claro
Tão belo, tão raro!
O prazer tornara-se tão caro...

Quando acordei



Quando acordei o sonho terminou
Quando milhões de histórias se uniram, ele cantou
E pelo mundo se apaixonou
Queria encontrá-la, perdê-la, reencontrá-la
E assim amá-la no mundo das fantasias
Encarná-la!
Para numa alma só se tornarem
Abriu aquela história para se maravilharem
Todos os mundos sonharem!
Os olhos brilharam e a boca escondeu um sorriso
Suscitou uma gargalhada, o riso
Estava tudo, mas algo era preciso
Enfim! Tudo em bem acabou
Mas não descobriu esse fim por que tanto esperou
E juntos esperaram, cantaram, amaram...

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Dormia Num Sonho

Dormia num sonho quando a dor despertou
A amizade que num só se comemorou.
Até o sangue jorrava lágrimas;
Tudo como planeou.
Juntos viveram,
Juntos aprenderam,
A dor que ganharam,
A força que perderam,
Tudo aquilo que nunca encontraram.
Algo enregelava por dentro,
Bem lá no fundo, bem lá no centro.
O sangue não era escarlate,
Era esverdeado como um coentro,
De folhas recortadas
Pequenas fatias de um corpo, outrora montadas,
Todas elas feitas de camadas.
Escorria-lhe pela cara, como algo imparável,
Com o seu jeito doce e amável.
No fundo, tornara-se em algo desagradável...