segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Negativo



Um vazio cheio de nada
Sem cores, sem vislumbres de sorrisos, com falta de tudo
Uma cor perdida, num negativo achada
Contrariada, sem tons
Uma miscelânea de sentidos
Pétalas mortas em almas a preto e branco
Coloridas com duas gotas de arco-íris
E o céu pintado, esborratado de negro
Solta o ar em lufadas fatigantes
É um negativo colorido, berrante
Mas fogem-me os dedos de cores líricas
Poesias e pinturas, uma fotografia
Imprimo-me; não me vejo
(Recordar num pedaço de papel)
E desenho linhas tortas a carvão
Um momento delineado
Sem contornos
Para colorir de sentimentos
Coisas disformes e seres sem forma
Que a lente reproduz, memoriza
Não esquece





À memória de Carlos Coutinho (1946-2006)